quinta-feira, 24 de maio de 2012

4

Mais uma vez com dois anos de preparação, eis que em 2005 é lançado o álbum 4. Até então o último disco do Los Hermanos.


Se nos antigos trabalhos da banda havia um flerte com a MPB, neste novo CD podemos dizer que o relacionamento se tornou um namoro firme. E então o grupo, acostumados e orgulhosos por não ser um sucesso de vendas, se jogam em um novo rumo com um disco introspectivo e apoiados na sua base de fãs fiéis.

Este é um álbum difícil de se explicar, as músicas são muito boas, mas não funcionam tão bem em unidade, como os dois discos anteriores. Não me entendam mal. 4 é um disco muito acima da média musical que vemos por aí, mas deixou a desejar perante ao histórico da banda.

Novamente temos canções inspiradíssimas de Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante, com sete e cinco músicas de cada, respectivamente. Mas parece que os dois resolveram seguir seu rumo dessa vez e assim podemos muito bem separar 4 em dois discos diferentes, um mais indie e pop-rock de Amarante e outro folk e bossa-nova de Camelo. Que seriam ótimos separados, mas juntos, sei lá, fica estranho.

Porém, como eu disse antes, este é um CD muito bom e o principal a ser notado é a evolução da banda como um todo, que torna este o mais profissional de todos os discos. O nível musical está altíssimo para corresponder com as letras de mesmo grau.

E entre as minhas favoritas estão: Primeiro AndarPaquetáMorenaO VentoCondicional e Pois é, que quase me leva aos prantos toda vez que escuto graças ao belo filme Apenas o Fim (uma ótima dica, quem ainda não viu veja!!).

No fim, a impressão que eu tenho é que, apesar de um grande álbum, o seu repertório poderia ter sido melhor escolhido e mais balanceado, alternando entre as músicas mais lentas e as mais agitadas. Mas o gosto que fica está longe de ser amargo! É como aquele bolo de domingo que a sua mãe faz rapidinho, pode não ter ficado perfeito e fofinho, mas o sabor é delicioso!


Bom, espero que vocês tenham gostado dessa pequena retrospectiva. Eu adorei revisitar toda a história de uma das minhas bandas favoritas e com certeza uma das mais importantes que já passaram pelo solo brasileiro. Agora é segurar a ansiedade pelo show até amanhã, mas pra galera que vai hoje e que já deve estar lá: bom show seus sortudos!

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Ventura

Chegamos à terceira parte de nosso especial, então vamos dar uma olhada hoje em Ventura, terceiro álbum de estúdio do Los Hermanos que foi lançado em 2003, dois anos após o último disco:


Bom, se ontem eu estava indeciso sobre qual seria o meu álbum favorito do Los Hermanos, hoje essa dúvida foi desfeita. Depois de ouvi-lo mais uma vez esta manhã não tive como esconder de mim mesmo que este é o melhor disco da banda.

Pra começar, este é o CD mais maduro do grupo. Parece que depois do êxito crítico de Bloco do Eu Sozinho, onde eles resolveram remodelar totalmente a sua sonoridade, este novo trabalho tinha menos pressão, deixando a banda mais solta e sem medo de errar. Assim a confiança também aumentou e logo na primeira faixa, Marcelo Camelo dá um chute na porta e pergunta: Quem se atreve a me dizer, do que é feito o samba? O que, convenhamos, para uma banda considerada de rock, é muita coragem! Mas logo então, Marcelo, assim como Jorge Ben já fez, mostra que o samba pode ter guitarra sim!

A confiança também fez com que a banda voltasse a flertar com o pop-rock nos singles Cara Estranho e O Vencedor que foram muito bem nas rádios e tiveram clipes bastante populares, marcando o retorno da banda a grande mídia, porém desta vez por motivos mais merecedores do que uma música chiclete.

As composições neste disco estão um primor! Camelo conquista a todos nós com seus diálogos cantados em versos e se mostra um letrista excepcional. Enquanto Amarante nos encanta com suas rimas improváveis e conquista de vez o lugar de frontman da banda junto com Marcelo.

Fica até difícil escolher quais músicas pra colocar aqui, eu recomendo ouvir o CD inteiro do começo ao fim! Mas vou colocar as que mais se destacam: Cara EstranhoO VencedorÚltimo RomanceSamba a DoisA OutraO Velho e O MoçoConversa de Botas BatidasAlém do Que Se VêDeixa O Verão e Um Par. Ufa!! Eu avisei que era o melhor álbum deles! rsrsrs

Acima de tudo, o que pode se dizer é que, Ventura é um disco coeso e redondo, as músicas funcionam muito bem umas com as outras ou sozinhas e isso aliado à maturidade da banda provou definitivamente a importância do Los Hermanos no cenário nacional.

Amanhã voltarei com a 4ª parte do nosso especial, sobre os 4 discos de estúdio desses 4 caras, analisando o álbum: 4!

terça-feira, 22 de maio de 2012

Bloco do Eu Sozinho

Agora sim vamos começar a falar sobre o Los Hermanos que a maioria conhece. Dois anos depois do maremoto de Anna Júlia, a banda se isolou num sítio para fugir da pressão da gravadora e compor seu próximo CD. Então em 2001 é lançado Bloco do Eu Sozinho.


Foi por pouco que este disco não viu a luz do dia. Quando finalizado ele foi levado pela banda à gravadora (Abril Music), mas foi rejeitado por não ter hits potenciais e pela produção considera amadora. Ela, então, exigiu que as músicas fossem remixadas, enquanto o grupo bateu o pé em negativa. O cabo de guerra teve fim com um acordo entre as duas partes onde o produtor Marcelo Sussekind remixaria o álbum, porém ele gostou muito da versão original e quase não tocou nas músicas, portanto o CD foi lançado conforme a banda queria.


E então, graças a esta manobra, pudemos ter acesso a este trabalho que seria o divisor de águas na carreira do Los Hermanos. Aqui podemos ver uma mudança incrível na sonoridade do grupo e agora a mistura de rock, ska e samba estava bem mais homogênea que no disco anterior.


Para mim ainda é difícil decidir qual o meu álbum favorito, sempre fico na dúvida entre esse e o Ventura, mas para muitos fãs essa é a obra prima da banda. Que apesar de ter sido ignorado pela gravadora, conseguiu conquistar muitos seguidores fiéis e deu ao grupo um status de cult, que na minha opinião era exatamente o que eles queriam, tanto que se sentiram confortáveis nesta situação e mantiveram o resto da carreira neste caminho.


O repertório continuou em sua maioria focado em romances, mas desta vez a dor da traição que gerava raiva no disco anterior, passou a ser uma melancolia sutil que produz letras mais suaves e em acordo com a nova identidade musical da banda. Talvez a única exceção a isso seja o punk-rock de Tão Sozinho.

Outros destaques são a evolução nas composições de Marcelo Camelo, que começa a se tornar uma referência para a crítica, e um maior destaque conquistado por Rodrigo Amarante e suas letras.

Entre as minhas músicas favoritas estão: Todo Carnaval Tem Seu FimRetrato pra IaiáA FlorCadê Teu SuinSentimental e Cher Antoine. Mas essas são só as que vieram na minha cabeça, na real eu gosto bastante do CD inteiro, posso ouvir do começo ao fim várias vezes seguidas.

Este é realmente um disco muito bom, merece toda a crítica positiva e com certeza valeu todo o esforço da banda para mantê-lo integro e original ao que eles pretendiam.

Amanhã, os bons ventos nos trazem Ventura e a terceira parte do nosso especial!

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Los Hermanos

Faltam 4 dias para o primeiro show do Los Hermanos aqui no Rio. Como são 4 dias e 4 álbuns, resolvi fazer uma análise de cada um deles aqui no blog, um por dia, pra ir aquecendo para esse tão aguardado retorno.



O primeiro disco da banda é o mais diferente, se comparado aos outros, e o mais vendido também, graças à famigerada Anna Júlia que garantiu ao grupo um disco de platina com a venda de mais de 350 mil cópias do CD.

As músicas desse disco são de fazer qualquer grupo de pagode dos anos 90 morrer de inveja, é faixa depois de faixa dedicadas à romances mal sucedidos e términos dolorosos, tudo regado a uma batida hardcore, flertando com o ska e o samba.

Eu, particularmente, gosto desse álbum, não sei se é um guilty pleasure, mas eu curto principalmente a levada hardcore dele (que será abandonada nos próximos discos), acho que essa é uma boa maneira de passar toda a dor que Marcelo Camelo tanto fala em suas letras. Porém elas são também o maior problema do disco, 14 músicas falando de traições e amores mal resolvidos é muito sofrimento pra um CD só...

Para destacar eu escolho as músicas:  Quem Sabe, Pierrot, Primavera e claro Anna Júlia! (Por favor, fãs! Não venham na minha casa me ameaçar com foices e tochas!) O irônico é perceber que mesmo repudiando  e amaldiçoando essa música, ela acabou sendo a mais importante da carreira do Los Hermanos. Pois foi ela  a responsável por levá-los ao mainstream, do qual eles tanto se esforçaram para fugir experimentando e encontrando novas sonoridades, que se tornariam a sua marca registrada.

Aliás, toda essa polêmica em volta dessa música já deu no saco. Seria uma surpresa imensa e faria a galera ir ao delírio se eles resolvessem encarar seus demônios e tocá-la nos próximos shows! Além, é claro, de ser um tapa na cara dessa legião de fãs chatos e puristas que se levam a sério demais.


Próximo episódio: Bloco do Eu Sozinho (Sai amanhã, se tudo der certo!)

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Até aonde devo?

Posso? Devo? Quero?






Prezados, não é de hoje que ouço a corriqueira e até um pouco “ingrata” (explicitarei o porque) máxima: "Quando se faz algo errado, sempre tem alguém pra apontar, porém, quando faz-se algo certo, não tem um pra elogiar”...


Pus-me a refletir sobre a tal frase, seus fundamentos e seus porquês. Tentei avaliar as corriqueiras situações em que são expressas e até as conjunturas para tal.
Primeiramente, confesso ser um pouco contrário à tal máxima, acredito que por uma possível maior aceitação e compreensão, que por muitas vezes, gera a acomodação.


Acredito fielmente, que fazer o certo, não é mais que obrigação. Pois, em tudo o que fazemos, há um interesse, mesmo que de forma implícita, independente do que seja e todos esperam algo de nós, em qualquer escala que seja, em qualquer grau de proximidade que seja. De acordo com Sérgio Cortella: “Ética é o conjunto de valores e princípios, adquiridos em nossa trajetória de vida. Através dos costumes e crenças, da nossa família, amigos, pessoas próximas, de acordo com a época em que vivemos. Que usamos para responder as três grandes perguntas: Quero? Devo? Posso?”.